O cenário que ninguém poderia imaginar aconteceu e, por causa da pandemia do Coronavírus, todas as escolas foram obrigadas a fechar suas portas físicas. As crianças estão dentro de casa, as aulas são feitas a distância e a rotina está completamente alterada. Mas, embora seja longo, esse isolamento social vai acabar e, em algum momento, os alunos voltarão paras as escolas.
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Mas, será que tudo voltará ao normal?
A resposta é não. A pandemia já alterou a lógica de como funcionamos como sociedade e a escola precisa se preparar para atuar nesse novo mundo. Nesse sentido, o desenvolvimento das competências socioemocionais será primordial. Elas ganharam uma grande relevância no período de crise e continuarão necessárias nesse processo de volta à rotina.
Professores e alunos terão que desenvolver resiliência e capacidade de inovação, para se adaptar ao novo cenário. Também terão que trabalhar a autogestão, uma vez que a educação e o trabalho remoto devem permanecer em algum nível, além de aperfeiçoar competências ligadas à empatia, que é um dos maiores aprendizados deixados pela pandemia.
A nova escola no cenário pós-coronavírus terá que ser mais humana. Terá que aperfeiçoar sua relação com as famílias e acolher seus alunos, cuidando do seu desenvolvimento integral: corpo, mente e emoções. Sua instituição de ensino está pronta para isso? A pandemia evidenciou a importância de se trabalhar necessidades de desenvolvimento humano já enumeradas pela nossa Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
O que são competências emocionais?
Trata-se de um conjunto de competências relacionadas às próprias emoções e à capacidade de se relacionar com o outro. Elas estão presentes no dia a dia de qualquer pessoa e são essenciais para que o indivíduo tenha uma vida saudável, se sentindo bem consigo mesmo e com o outro.
Na definição do Instituto Ayrton Senna elas são “capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas”.
Saiba mais sobre as competências socioemocionais aqui: https://educacaoinfantil.aix.com.br/competencias-socioemocionais-na-bncc/
Alguns exemplos são: empatia, amabilidade, resiliência, foco, responsabilidade, autogestão e imaginação criativa.
As competências socioemocionais também estão previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela aparece de forma clara na competência 8 para a educação: “Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.
A volta dos alunos e a nova escola
Boa parte dessas competências socioemocionais já precisaram ser desenvolvidas durante o período de isolamento. Como houve uma mudança abrupta de rotina, muitas famílias não estavam preparadas e tiveram que lidar com ansiedade, medo, frustração e stress. Foram colocadas à prova e tiveram que aprender a lidar com as emoções no olho do furacão.
Muitos podem imaginar que tudo estará resolvido com a reabertura das escolas, mas a verdade é que essa será mais uma mudança na vida das crianças. Depois de meses em casa, elas terão que voltar à rotina de acordar cedo, ficar boa parte do dia distante dos pais e a se relacionar fisicamente com professores e colegas em um cenário que ainda exigirá cuidados de prevenção ao vírus.
É muita coisa para a cabeça das crianças? Sim e não. Sim porque elas ainda são muito pequenas para entender tudo. Não porque elas têm uma grande vantagem: a criança está em fase de desenvolvimento e por isso tem mais facilidade em adaptar-se. Outra coisa que colabora muito é a plasticidade cerebral que possibilita a formação de novas estruturas organizacionais em respostas as experiências que experimentamos.
O papel da escola é acolher essa criança que vive esse momento histórico na sociedade. Não dá para fingir que tudo voltou ao normal e seguir com o planejamento do currículo escolar. Da mesma forma, não dá para perder a oportunidade de ensinar as crianças a lidarem com a realidade, por meio do desenvolvimento de competências socioemocionais.
Sim, estamos falando de uma escola mais humana, tanto na sua relação com os alunos, quanto com as famílias e professores, pois todos estamos enfrentando as consequências dessas transformações. Talvez, quando o isolamento acabar, ainda não poderemos nos abraçar, mas a escola precisará oferecer esse abraço de outra forma.
As competências essenciais no pós-crise
Além das competências socioemocionais descritas na BNCC a serem desenvolvidas com as crianças, existem muitas outras, assim como diferentes nomes para cada tipo de habilidade. Uma boa referência é o guia de orientações norteadoras produzido pelo o Projeto Professor Diretor de Turma.
Ele mostra como trabalhar as competências socioemocionais nesse período de pandemia e de isolamento social. Veja abaixo algumas competências essenciais destacadas no documento e como trabalhá-las na sala de aula:
Autogestão
Essa capacidade está relacionada a habilidades como foco, responsabilidade, precisão, organização e perseverança. Desenvolvê-la ajudará os alunos a cumprirem bem seus compromissos em um mundo em que a educação e o trabalho remoto serão tendência. É importante que a criança aprenda a se regular e a se desenvolver de forma autônoma, o professor atuará de forma a mediar o processo de aprendizagem em que o aluno será o protagonista.
Algumas atividades simples podem ajudar no desenvolvimento de autogestão. O professor pode, por exemplo, promover discussões sobre resolução de problemas para que os alunos exponham suas propostas de soluções. Propor tarefas a serem realizadas em casa e sem auxílio da família também é um bom exercício.
Empatia
A pandemia ensinou muito sobre como o comportamento individual pode ter reflexos no coletivo. Também evidenciou desigualdades, que levaram ao exercício da solidariedade. Mas, após a pandemia esses aprendizados devem permanecer. Os alunos precisam desenvolver as capacidades de ter empatia, de respeitar a diversidade, de agir coletivamente e com cooperação.
Essas habilidades são descritas, inclusive, nas competências 9 e 10 da BNCC. O documento dá algumas pistas de como desenvolvê-las na sala de aula. Veja:
Competência 9: “Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos”.
Competência 10: “Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”.
Propor tarefas e brincadeiras que exijam cooperação, assim como montar grupos diversos para trabalharem juntos podem ser boas ideias para a prática.
Abertura para o novo
Se o mundo pós-Coronavírus será outro, então as escolas terão que preparar seus alunos para que eles estejam abertos ao novo. Essa competência envolve habilidades como curiosidade para aprender e imaginação criativa. Mais do que nunca os professores terão que usar de recursos digitais e inovadores para estimular o pensamento fora da caixa e a capacidade de inovar.
Para isso é importante dar autonomia e liberdade para as crianças criarem. Propor momentos de uso de materiais como tinta, sucata, recortes de imagens e revistas é uma forma simples e eficiente de se estimular a criatividade. Além disso o professor pode convidar os alunos a criarem suas próprias histórias, peças teatrais e outros tipos de experimentações.
Sua escola está preparada?
Ninguém estava preparado para a pandemia que estamos vivendo, mas o aprendizado dos últimos meses não pode ser em vão. As escolas precisam pensar no período pós-pandemia, se organizando para acolher as crianças. Isso inclui a preparação de estrutura. É importante que as instituições estejam inseridas na era digital para que consigam sobreviver a esses novos tempos.
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